Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais achais o vosso próprio contentamento, e requereis todo o vosso trabalho. Isaía 58.3
A natureza humana leva sempre em direção ao descanso e conforto. Se há sol, procura-se uma sombra. Se há cansaço, procura-se um lugar para sentar. É por isto que em qualquer área da vida o comum é procurar sempre o melhor, aquilo que dê mais prazer, maior satisfação física e/ou emocional. Daí, a igreja moderna descobrir um termo que por vezes pode ser uma pedra de tropeço: excelência!
O povo de Israel em dado momento de sua história cumpria seus deveres religiosos com excelência. Havia distinção, havia correção aparente nos mínimos detalhes, só não havia presença de Deus no seu meio. A coisa não fluía, expectativas frustradas até o dia em que houve a iniciativa de se saber o por que daquilo e, então, a resposta: jejuais para o vosso próprio contentamento. Aos olhos humanos, tudo estava ok, mas, Deus sabia que a motivação de tudo aquilo era distorcida. Quem dera que não fosse mais assim...
A melhor cantata de Natal. O melhor congresso. O melhor hotel para o pregador convidado, a melhor recepção, o melhor lanche, a maior "oferta de amor". O melhor equipamento, o maior evento, a maior quantidade de pessoas que "aceitaram" Jesus. A aparente excelência. Será que temos feito tudo isso para o nosso próprio contentamento? Será que os cultos lotados não nos servem para deleite próprio numa espécie de masturbação espiritual? Que Deus não se canse de nós e vá embora!
Isto porque a diferença entre Israel e o evangelicalismo moderno está na postura. Como já escrevi noutro artigo, é possível estar sinceramente errado. Israel jejuava de modo equivocado, mas, fazia aquilo de coração. Seu mérito foi ter ao menos procurado saber onde estava o seu pecado. Seus questionamentos a Deus pelos "direitos de justiça" (v.2) o fizeram ouvir uma dura resposta, mas juntamente com ela a cura e a restauração. Enquanto isso, talvez, parte majoritária do movimento protestante perceba que mesmo com toda a sua excelência, muitas vezes, Deus não a leva em conta. Os resultados são passageiros e a semente insistentemente cai entre pedregais e não cria raízes.
A culpa está no solo? O semeador nunca erra? É assim mesmo? Menos trabalhoso é ficar no campo das suposições do que buscar de Deus a resposta sobre o que realmente está acontecendo. Onde está a brecha, onde está a nossa capa de Acã. Somente assim haveremos de ser árvore de bons frutos e frutos que permaneçam. A excelência não deve ser evitada, porém, também não deve ser buscada a qualquer custo. Sejamos simples e cristocêntricos. Basta. Ou corremos o risco de nos embriagarmos com o vinho produzido pelas concupicências carnais travestidas de espiritualidade.
Permaneçamos firmes!
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