domingo, 11 de novembro de 2012

O Capitão-do-mato de Ontem e de Hoje



Mais uma vez, no mês passado, tive o privilégio de visitar uma fazenda histórica da época do Brasil colônia. Realmente, uma experiência magnífica, estar num lugar onde existe tanta representatividade de cada detalhe. Lá pelas tantas, entre uma xícara e outra, eu, minha esposa e um grande amigo conversávamos a respeito dos escravos. Eu, inquieto, fiquei passando os olhos pelas campinas ao redor imaginando uma rota de fuga para o quilombo mais próximo. Nisso, fui alertado de que especificamente ali seria improvável qualquer tipo de reação por causa da geografia e, quando acontecia, era tímida por parte de uns poucos escravos.

Sim, sabe-se que os índios preferiram morrer a se deixar escravizar e, por isso, foram considerados pelos portugueses como sendo difíceis de "domesticar". É inegável lendo os livros de História perceber que boa parte dos negros escravizados preferiram se manter nessa condição do que arriscar-se ao desconhecido. Difícil dizer se era o que realmente acontecia. Por outro lado, se existiam os acomodados por opção, uma figura lamentável aterrorizava e trabalha com afinco para isso: o capitão-do-mato. Um escravo vendido não por um senhor do café, mas por si mesmo. Vendido na alma. Morto em seus princípios, se é que tinha algum.

Curioso, foi falar dele e começar a lembrar de... e de... iiih! Deixa quieto! Põe mais café na xícara. Porque mesmo numa sociedade livre capitães-do-mato estão espalhados pela multidão pronto para matar o seu irmão. Matar aquele com quem se alegrava e sonhava junto. Por 30 moedas de prata. Por uma promoção no trabalho. Ver um irmão sendo assassinado aos seus pés e nada fazer como Saulo de Tarso no episódio de Estevão. Incrível essa questão, como marmanjos, pais de família se submetem às piores tretas em nome de sei lá o quê. Difícil pensar como olham seus filhos e o que lhes ensinam sobre moral, ética e princípios.

O problema é que sempre existiu e sempre existirá. Trairagem, crocodilagem ou dê o nome que for aí onde você mora. Irmãozinho cheio de querer ser, pronto pra garfar e usar suas costas de degrau. Ele quer o que você tem, ele queria ser você, meu véio. É por isso que não dá para aliviar e achar que é o barão quem faz o capitã-do-mato porque não é. O capitão-do-mato é quem faz a si mesmo. Ele é isso aí. O bom moço, o aceitável com seus elogios regados a sangue inocente.

Põe mais café na xícara. Porque quem fere pela espada, pela espada cairá. Não precisa ficar em dúvida, pedir revelação para Deus. Basta comparar o capitão-do-mato de ontem e o de hoje. Semelhanças nas atitudes e circunstâncias não deixam dúvida. Melhor é deixar essa alma perdida se encontrar primeiro consigo mesmo antes de encontrar Jesus. ELE sabe como lidar. Você pode descansar. E continuar a sonhar porque sonho que se sonha só é apenas um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade. Vão sempre existir em qualquer lugar os que promoverão a resistência através do amor. Cuide disso, pois, dos demais cuidará o Senhor!

Permaneçamos firmes!


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