sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Evangélicos admitem racismo na igreja Batista e relação com o Nazismo





“Não podemos escamotear as manchas que marcaram a postura espiritual, ética e social da Igreja como foi o caso da escravatura, do racismo e da xenofobia, do apartheid e até do nazismo, e outras que ainda infelizmente marcam.”
“O livro de Philip Yancey “Alma Sobrevivente” da Editora Mundo Cristão denuncia alguns dos aspectos mais tenebrosos da história da Igreja, e o livro de Erwin Lutzer “A Cruz de Hitler”, da Editora Vida, dá-nos uma panorâmica histórica muito pertinente do que foi a conivência de alguns setores da igreja alemã protestante e católica durante o regime nazi, apontando alguns aspectos que nos dias de hoje devemos ter em consideração, para não tropeçarmos nos mesmos erros.”
“Frequentei duas igrejas durante a minha adolescência. A primeira, uma igreja batista com mais de mil membros, orgulhava-se de sua identidade de ‘uma igreja que ama a Bíblia e onde as pessoas são amáveis’, bem como do sustento de 105 missionários em outros países, cujos cartões eram afixados num enorme mapa que ficava na parte posterior do santuário. Essa igreja era uma das principais referências de famosos oradores evangélicos. Conheci a Bíblia ali. Ela não possuía um laço muito forte com a Convenção Batista do Sul, uma denominação formada em 1845, quando os abolicionistas do Norte decidiram que os donos de escravos não se encaixavam no perfil de um missionário, o que fez com que os sulistas se separassem em protesto. (…)” (p. 24)

 “A outra igreja que frequentei era menor, mais fundamentalista e mais abertamente racista (aquela a cujo sepultamento eu havia assistido).
Ali pude aprender a base teológica do racismo. O pastor ensinava que a palavra hebraica cam significa ‘queimado’, ‘preto’, fazendo do filho de Noé o pai de todas as raças negras. Numa maldição imprecada por Noé, Cam deveria ser o mais baixo dos servos (veja Gn 9:18-27).  
Era isso o que eu ouvia quando meu pastor explicava por que os negros eram bons garçons e as negras, boas empregadas domésticas. Ele imitava seus movimentos na plataforma, mexendo os quadris como se estivesse evitando uma mesa, fingindo agitar uma bandeja com comida acima de sua cabeça, e todos nós ríamos de suas brincadeiras. ‘Os garçons negros são bons nesta profissão porque este é o trabalho que lhes foi destinado por Deus por meio da maldição de Cam’, dizia ele. Ninguém se preocupava em destacar que a maldição fora pronunciada, na verdade, contra o neto de Noé, Canaã, e não contra Cam.” 

“Na mesma época, o Baptist Record, uma publicação do Estado do Mississippi, publicou um artigo que defendia a ideia de que Deus queria os brancos governando sobre os negros porque ‘uma raça cuja inteligência média beira a estupidez’ está obviamente ‘privada de qualquer bênção divina’. Se alguém questionasse essa doutrina claramente racista, os pastores saíam com o expediente infalível da miscigenação (mistura de raças), que alguns especulavam ser o pecado que havia levado Deus a destruir o mundo nos dias de Noé. A simples pergunta ‘você quer que sua filha traga para casa um namorado negro?’ silenciava todos os argumentos raciais.” (pp. 25,26)
“Em 1995, quase 150 anos depois de ter apoiado a escravidão, a Convenção Batista do Sul arrependeu-se formalmente de sua política de longo prazo de apoio ao racismo. Um pastor da Igreja Baptista Abissínia disse: ‘Finalmente, respondemos à carta de Martin Luther King Jr., enviada da prisão de Birminghan em 1963. Infelizmente, 30 anos depois’.”

“Até mesmo a grande igreja batista que frequentei durante a minha infância aprendeu a se arrepender. Quando fui a um culto, alguns anos atrás, fiquei chocado em ver apenas umas poucas centenas de adoradores espalhados pelo enorme santuário que, em minha infância, costumava abrigar mais de 1.500 pessoas. A igreja parecia amaldiçoada. Finalmente, um pastor que fora meu amigo de classe durante a infância tomou a iniciativa incomum de promover um culto de arrependimento.
Antes da realização do culto, ele escreveu para Tony Evans e para o professor da Escola Dominical que fora afastado, pedindo seu perdão. Então, publicamente, de maneira dolorosa, com a presença de líderes afro-americanos, ele recontou o pecado do racismo da maneira como era praticado por aquela igreja no passado. Ele se arrependeu e recebeu perdão. Apesar de ter-se a nítida sensação de que um fardo fora tirado da congregação naquele dia, isto não foi suficiente para salvar a igreja. Poucos anos depois, a congregação branca mudou-se para a periferia, e hoje, uma congregação afro-americana chamada Asas da Fé ocupa o prédio e faz tremer as janelas mais uma vez.” (pp. 40,41) 

“Contudo as fotos que chamaram minha atenção foram as que retratavam pastores protestantes e padres católicos prestando a saudação nazista. E o que me surpreendia ainda mais eram as fotos de bandeiras com a suástica enfeitando igrejas cristãs – flâmulas da suástica com a cruz de Cristo no centro!”
“Em pé, naquele museu, decidi-me a estudar como Hitler conquistara a simpatia da igreja cristã. Sabia que 95% do povo alemão era formado por protestantes ou católicos. Agora, só queria saber por que os cristãos da Alemanha não condenaram Hitler corajosamente e a uma só voz. Perguntava-me por que milhões de pessoas, de bom grado, tomaram a Hakenkreuz (cruz gamada ou quebrada) de Hitler, colocando sobre ela a cruz de nosso redentor crucificado. Somente mais tarde viria a compreender quanto essa confusão de cruzes iludiu a igreja alemã, atraindo o julgamento de Deus.” (pp. 14)”

Fonte: Portal 2ª Guerra




Um comentário:

  1. Deixei em minha nova postagem um selo de qualidade quanto a seu trabalho aqui no Blog. Não deixe de passar lá e pegar o seu e repassar adiante da mesma forma.

    Grato.

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