Manhã de sol e lá estava eu ainda descrente que veria ao vivo aquele quem Deus usou para me pôr no caminho que se deve andar, quando enganado eu estava. Igreja cheia, repleta de jovens dispostos a encarar as duas horas de culto em pé em troca de uma mensagem diferente (que na verdade deveria ser comum e facilmente encontrada nos púlpitos protestantes). Durante o louvor, adentra discretamente um homem de meia-idade, rosto marcado pelo tempo e olhar penetrante. Obedecida a liturgia denominacional, chegado o momento da palavra, Paul Washer assume a tribuna. Sem delongas, pede para que todos abram em 1 Coríntios, onde apenas um versículo fora lido. Ali começava sua explanação.
Momentos antes minha mente era preenchida de flashs de várias mensagens suas assistidas pela internet. Até mesmo, personagens dos heróis da fé vieram à minha mente, não por acaso. Conforme a pregação se desenrolava, uma sensação de viajar no tempo como se estivesse em pleno século XVIII por causa da maneira incisiva e ao mesmo tempo tranquila de pregar a Bíblia. Mais inverdades foram desmascaradas naquela manhã. Mais fortalezas mentais caíram ao chão. Mais verdade e entendimento repousaram em meu coração sob a forma de consolação e exortação. Os céus parecem cair sobre nossas cabeças, eu pensava. O peso da palavra gerava instantes de silêncio durante suas pausas, às vezes, interrompidas por um ou outro tímido aleluia.
Comentar sobre o conteúdo pregado iria macular de alguma forma o que fora transmitido. Além disso, o principal, aprendi que para ser engraçado não é preciso ser sarcástico ou fazer do púlpito um palco. Pregação não é um show de stand up comedy! Aprendi que simplicidade é o ingrediente para se fazer entender a todos. É possível ensinar o novo convertido e ao mesmo tempo alimentar o velho convertido. Sim, esse sonho de milhares e milhares de famintos é possível. Uma mensagem cheia de graça e conhecimento dificilmente não é lembrada no dia seguinte. Não havia um croqui, Paul não se atinha a jargões, chavões, frases feitas. Parecia despreocupado quanto a provocar frisson na platéia ou quanto ao seu feedback. Apenas discorria aquilo que Deus havia entregado a ele. Impressionante.
A mensagem nos levou a momentos de reflexão e de auto-análise, mas, no seu término, nada de apelos emocionais. Nenhuma música em ritmo lento com alguém choramingando e balbuciando coisas ininteligíveis. Depois de uma pregação sucinta, rica, mas, até curta para os padrões brasileiros, uma breve oração. E só. Saímos todos muito bem alimentados, entretanto com aquele gostinho de quero mais... E, por que não, uma certa crise ou dissonância espiritual. Por que Paul Washer prega tão diferente? Por que ele fala de coisas não ensinadas nas igrejas? Por que, mesmo em denominações reformadas, vários ensinos caíram no esquecimento? Pode uma igreja evangélica não ter o chamado para pregar sobre arrependimento, fé, graça e juízo? A iluminação provocada por sua mensagem pode ser escondida pelos hábitos, costumes e doutrinas locais?
Abertos os olhos, fechá-los é opção de cada um.
Escapa-te por ti mesmo... [Gn 19.17]
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